Foi o Major Domiciano de Oliveira Arruda o Primeiro Presidente da Câmara Municipal de Barra Mansa. A presidência era exercida pelo Vereador mais bem votado ou pelo mais velho, quando houvesse empate nos votos. O escolhido era encarregado das funções deliberativas e executivas, tendo, por assim dizer, as obrigações dos atuais Prefeitos. A Instalação da Câmara da Vila de São Sebastião de Barra Mansa ocorreu em 16 de fevereiro de 1833, e as Solenidades foram presididas pelo Presidente da Câmara de Resende. O Major Domiciano presidiu a Câmara até 1837. Era fazendeiro, como seus companheiros. Tido como um homem culto e capaz, trabalhou muito por Barra Mansa. Grande capitalista, dono da Fazenda da Bocaina, no atual Distrito de Rialto, tinha predileção pela leitura e gostava muito de viajar. Era associado a empresas de navegação marítima e acionista de vários navios de passageiros. Sua casa na Fazenda da Bocaina era um verdadeiro luxo para a época, com móveis e utensílios de qualidade. Possuía uma grande Biblioteca Particular, com a maioria dos livros em língua francesa, idioma que dominava bem. Proprietário de mais de 300 escravos, exportava café para o exterior; sua fazenda produzia mais de 10.000 arrobas em grãos de boa qualidade, produzidas por mais de 500.000 pés de café. Foi casado com D. Feliciana Barbosa Arruda, com quem teve 6 filhos: Braz, Feliciana, Domiciano Jr., Antônio, Luiz e Paulino. Sua esposa era filha do Comendador Antonio Barbosa da Silva, proprietário da Fazenda do Bom Retiro, em Bananal. O Major Domiciano faleceu em Paris, em 18 de junho de 1849. Por ocasião de sua morte deixou seu filho mais velho, de nome Braz de Oliveira Arruda com 16 anos, e o caçula, de nome Paulino, com 5 anos. Abaixo reproduzimos seu discurso de posse.
Discurso pronunciado em 16 de fevereiro de 1833, por Instalação da Primeira Câmara de Barra Mansa, pelo Presidente Tenente Domiciano de Oliveira Arruda.
Dignos cidadãos, ilustres vereadores. Honrados com o voto dos habitantes do nosso município para formarmos aquele corpo cívico que deve cuidar da sua administração, e vigiar nos seus mais imediatos interesses, nós somos hoje reunidos em nome da Lei e começamos nossa existência como corporação constituída. Sérios e pesados deveres nos estão impostos: a indústria nos seus diferentes ramos, a moral e o sossego público reclamam de todos os pontos nossos cuidados. As estradas e caminhos, cujo mau estado é sentido por todos, e muito impede ao desenvolvimento da riqueza comum; a polícia que começa a florescer; e a população que cresce de dia em dia, são objetos, que além de outros, tem de ocupar nossa atenção. Se eu não confiasse tanto, senhores, em vosso patriotismo e ilustração, perderia de todo o ânimo, pois conheço minha insuficiência para o cargo em que o voto de meus concidadãos me colocou, e renunciava a esperança de poder ser útil ao nosso País, e a este município. Mas a vossa direção e exemplo me alentam, e pelo caminho que amostrardes, que não pode ser outro senão o do verdadeiro patriotismo e zelo pelo interesse deste povo, eu seguirei tendo sempre em vista encher a obrigação que a sociedade marca a todos os cidadãos, a quem distingue com a sua escolha para os empregos: o cumprimento da Lei. Oxalá que guiados ora e sempre por tais ditames nós recebamos sempre aprovação deste bom povo, cujos interesses foram confiados aos nossos desvelos, oxalá que daqui há quatro anos, entregando aos nossos sucessores o honroso encargo que nos é atribuído, possamos ter as bênçãos e louvores dos nossos concidadãos. Uma tal recompensa nos pagará de sobra quaisquer fadigas e sacrifícios nossos. Viva São Sebastião da Barra Mansa, Viva nossa Província, Viva nossa Pátria, o Império do Brasil. Agradecido a todos.
Fonte: Jornal “Memória Barramansense” nº 11